sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Consumo em excesso: atingindo gerações

 
 Débora Padilha de Oliveira*
 
Pesquisa mostra que as compras são mais atrativas para as crianças do que brincar

Se no passado o melhor passatempo do mundo infantil era brincar, hoje em dia parece que o conceito mudou. Na semana em que se comemora o Dia da Criança, pesquisa revela um dado preocupante: os pequenos preferem ir às compras do que brincar. A análise feita pelo Instituto Futura e o CORREIO chega a conclusão de que 56,8% das crianças de Salvador preferem ir às lojas do que se passar o tempo brincando. O hábito da diversão dá espaço a um problema que atinge todas as faixas etárias: comprar em excesso. 


O consumismo deixou de ser um problema só dos adultos e atingiu as crianças por carência afetiva, conforme destaca a educadora financeira Sílvia Lambert. Ela acredita que o consumo em excesso pelas crianças pode estar associado a fatores como a falta de presença dos pais. “Muitas crianças associam que toda saída com os pais é para comprar, e a outra questão é que, para elas, ficar em casa é sinônimo de ficar em frente à TV, ao videogame ou ao computador, mas elas querem passar mais tempo com a família”. Sílvia associa a falta de convivência entre pais e filhos como um dos principais meios de impulso do consumismo infantil. 


Para o Instituto Alana, que desenvolve atividades em prol da defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, relacionadas ao consumo em geral e ao excesso consumismo ao qual são expostos, ninguém nasce consumista. Pesquisas do Instituto destacam que o consumismo “é uma ideologia, um hábito mental forjado que se tornou umas das características culturais mais marcantes da sociedade atual. Não importa o gênero, a faixa etária, a nacionalidade, a crença ou o poder aquisitivo”. O Instituto defende que hoje, todos que são impactados pelas mídias de massa são estimulados a consumir de modo inconseqüente. “As crianças, ainda em pleno desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveis que os adultos, não ficam fora dessa lógica e infelizmente sofrem cada vez mais cedo com as graves conseqüências relacionadas aos excessos do consumismo: obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e violência, entre outras. Nesse sentido, o consumismo infantil é uma questão urgente, de extrema importância e interesse geral”, alerta. 




Em Passo Fundo, projeto busca conscientizar crianças sobre o consumo sustentável
Projeto busca conscientizar as crianças sobre o consumo (Crédito: Carla Vailatti)

Na busca por promover a educação para o consumo do público infantil, o Balcão do Consumidor, projeto de Extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Codepas, responsável pela coleta do lixo em Passo Fundo, levam às crianças do município lições sobre sustentabilidade e o consumo sustentável. A iniciativa tem a proposta de "fazer com que as crianças assimilem as orientações o quanto antes para que não venham a ter problemas relacionados ao consumo exagerado”, explicou o professor Rogério Silva, um dos coordenadores do Balcão do Consumidor.


* Débora Padilha de Oliveira é aluna do curso de Jornalismo da UPF, VI nível.

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