quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Infância em Preto e Branco

Suelen Boeira *


Foto: Franciele Demarchi

Ao contrário do que muitos pensam, crianças também podem ser vítimas de transtornos mentais graves. Na maioria dos casos, os pais relutam e preferem o descaso a ter que enfrentar o problema porque associam esse tipo de doença somente a adultos. Muitas vezes a criança se torna alvo de brincadeiras maldosas, é tratada como louca, passa a ser excluída pelos colegas e o convívio torna-se insuportável.  

Podem ser apontados três grupos com as doenças psiquiátricas mais freqüentes na infância:

- Ansiedade exagerada: pode ser causada por diversos fatores, tais como a separação dos pais (que acaba gerando, muitas vezes, uma tristeza profunda na criança, que não consegue imaginar sua vida com a ausência permanente do pai ou da mãe). Medo exagerado de objetos ou animais (aqui é notável que a criança opta por manter-se sempre afastada de lugares onde possam ser encontrados animais soltos, temendo que os mesmos possam lhe fazer algum mal terrível. Quanto aos objetos, é preferível que estejam sempre distantes e que ninguém os use perto da criança).

O comportamento obsessivo com a limpeza e a higiene também pode ser considerado um transtorno, e não é difícil detectá-lo na criança. A necessidade contínua de lavar as mãos em um intervalo de tempo totalmente fora do comum, tomar vários banhos por dia, também são atitudes que devem ser observadas.

- Impulsividade: A hiperatividade e o déficit de atenção são os exemplos mais comuns. Crianças que precisam estar o tempo todo praticando alguma atividade e chamando atenção, seja no ambiente escolar ou familiar, acabam tendo dificuldades no aprendizado por não saberem separar a hora de brincar e a hora de prestar atenção no que lhe é solicitado. O comportamento explosivo também pode ser um sintoma, e este, é característico em crianças que costumam ser explosivas, aquelas que adoram comprar uma briga sem motivo, tanto em casa, quanto na escola. Desafiam amigos, pais, professores e não temem advertências ou reações.

- Doenças relacionadas com o humor: a mais comum nesse grupo é a depressão. Uma em cada 40 crianças sofre desse mal. Ela perde o ânimo, a vontade de brincar, fica isolada, sem contato algum com familiares ou amigos mais próximos. Nem mesmo o que antes era atrativo faz sentido. Seu comportamento é regido pelo negativismo sempre e momentos de alegria e diversão inexistem. Há casos em que a doença só é diagnosticada após um acontecimento marcante, como a perda de um ente querido, por exemplo. A criança fica traumatizada de uma forma tão intensa, que acaba caindo em depressão profunda, exigindo assim, tratamento psiquiátrico urgente.

Se a doença não for tratada de maneira adequada na infância, a adolescência e a fase adulta serão atingidas pelo indivíduo já doente, agravando cada vez mais seu estado mental. Se detectada precocemente, o tratamento trará resultados positivos e a doença pode ser apenas transitória. Para isso, é necessário que os pais estejam sempre atentos ao comportamento de seus filhos, acompanhando de perto seu desenvolvimento e tratando com relevância qualquer sinal de transtorno mental.


* Suelen Boeira é acadêmica do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da UPF.

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