quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Descaso Inconsciente

 Suelen Boeira*


Engravidar, passar 9 longos meses aguardando o dia do nascimento, o início de uma nova vida, descobertas e emoções parece ser o sonho de toda mulher. Mas a chegada do bebê nem sempre é motivo de alegria plena. No Brasil, a depressão pós-parto atinge 40% das mulheres. Após o rompimento do cordão umbilical, a mãe pode sentir-se perturbada, confusa e insegura, já que carregou dentro de si uma vida que agora, também faz parte da vida de muitas outras pessoas. As idéias se misturam e resultam em uma sensação de perda, muitas vezes, incontrolável.
Foto: Google Imagens

O corpo e o organismo sofrem inúmeras transformações após o parto, e o quadro depressivo varia de acordo com a personalidade da mulher. Se ela é fortemente ligada à sua mãe ou marido, tende a sofrer com uma enorme ansiedade, solidão e carência. Tem a impressão de que a atenção deles está voltada somente ao bebê e passa a agir como se fosse incapaz de corresponder às obrigações para com o filho recém nascido. Como forma de defesa, a mulher reage de maneira contrária, eufórica, representando estar super disposta e dispensa qualquer tipo de auxílio. Tudo isso contribui para que ela necessite de medicamentos para poder dormir e descansar.

O homem também pode ser afetado pela doença que, a princípio, era um problema só da mãe do bebê. Como a convivência torna-se mais difícil, ele sente-se excluído pela mulher, devido às atenções voltadas à criança, acredita que agora, é visto como alguém que está ali apenas para servir o filho e a esposa.  Até mesmo o sexo da criança pode ser motivo de frustração. Ele acaba retraindo, fazendo coisas para chamar atenção, ficando mais tempo no trabalho do que em casa ou alimentando relações extra-conjugais. Se o casal já tem outros filhos, estes também podem sofrer com o nascimento do novo membro da família. Tornam-se rebeldes, sentem-se sozinhos e acreditam que a mãe dá preferência ao novo irmão. Muitas vezes agem como o próprio bebê, molhando os lençóis, querendo roubar a chupeta do irmão e assim, apegam-se mais ao pai, dando a entender que não precisam mais dos cuidados, ao seu ver, renegados, da mãe.

Se a depressão pós parto passa da fase normal e atinge a patológica, a mãe, logo após dar a luz, tem atitudes absurdas. Nega-se a pegar a criança no colo, quer distância do filho e teme que ele possa ser uma ameaça à sua relação com o restante da família. Assim sendo, ela pode até abandonar seus hábitos de higiene, sofrer com idéias fixas de perseguição, desconfiando o tempo todo que alguém possa aparecer e roubar seu bebê. Quando a doença atinge esse estágio, é necessário que alguém assuma os cuidados da mãe e fique com a criança, pois ele também pode ser atingido pela doença, já que os sintomas são freqüentes e ele sente isso.

 Contudo, a mulher pode ter um acompanhamento psiquiátrico antes mesmo de a criança nascer, para que a depressão possa ser evitada ou até mesmo pré diagnosticada pelo médico. É importante que os familiares estejam sempre em alerta e acompanhem a gravidez desde o primeiro mês, mostrando-se preocupados com a gestante e com o bebê. Assim, ela se sentirá acolhida, bem cuidada e amparada pelas pessoas que mais ama, ocupando de forma positiva a mente e o tempo livre.




*Suelen Boeira é acadêmica do VI nível do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da UPF.

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